DA LIDA AO CANTO.

Eram quatro os filhos do meu avô.

Eram irmãos de sangue e de suor

Família religiosa!

O que eu sei, foi o que sempre escutei

Do meu pai.

Tempos dificies,tempo do eito,

e do louvor.

Gostava de ver em imaginação,

sua Histórias contadas no balanço da rede

lento leve livre...

A chegada em casa a noite

depois de um dia de sol, quase sem descanço.

Ajuntavam-se em circulo na sala,

com paredes marcadas de intrumentos musicais.

Quase em silêncio

não precisavam fazer combinado algum

entre eles(acho)

Por afinidade sabiam qual instrumento,

lhes vibrava melhor.

E aí, um a um iam como que colhendo com carinho

os instrumentos que ficavam pendurados,

na parede de reboco antigo.

Meu tio Antônio soprava no "pife"

O tio José ritimava bem no caixa,

no compasso do triângolo o tio Otoniel

virava moleque.

A viola vibrava nus dedos do tio Daniel,

E na safoninha "pé de bode" meu avô Gracindo

tocava de olhos fechados.

Toda a casa se enchia de alegria

e um só desejo.

Alegria por estaram juntos na fadiga do sustento,

juntos na lida do arado, da foice e do machado.

O desejo...

era só de tocar,tocar (brincar)

Achando graça nas melodias e nas notas,

sem serem rendidos pelo cansaço e pelo sono.

Souberam dignificar a vida

viveram a grande sabedoria.

Fizeram do trabalho rude e honesto pedra de segurança.

Para suster a família

de tocadores fascinantes.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 16/11/2012
Reeditado em 19/11/2012
Código do texto: T3989715
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