DA LIDA AO CANTO.
Eram quatro os filhos do meu avô.
Eram irmãos de sangue e de suor
Família religiosa!
O que eu sei, foi o que sempre escutei
Do meu pai.
Tempos dificies,tempo do eito,
e do louvor.
Gostava de ver em imaginação,
sua Histórias contadas no balanço da rede
lento leve livre...
A chegada em casa a noite
depois de um dia de sol, quase sem descanço.
Ajuntavam-se em circulo na sala,
com paredes marcadas de intrumentos musicais.
Quase em silêncio
não precisavam fazer combinado algum
entre eles(acho)
Por afinidade sabiam qual instrumento,
lhes vibrava melhor.
E aí, um a um iam como que colhendo com carinho
os instrumentos que ficavam pendurados,
na parede de reboco antigo.
Meu tio Antônio soprava no "pife"
O tio José ritimava bem no caixa,
no compasso do triângolo o tio Otoniel
virava moleque.
A viola vibrava nus dedos do tio Daniel,
E na safoninha "pé de bode" meu avô Gracindo
tocava de olhos fechados.
Toda a casa se enchia de alegria
e um só desejo.
Alegria por estaram juntos na fadiga do sustento,
juntos na lida do arado, da foice e do machado.
O desejo...
era só de tocar,tocar (brincar)
Achando graça nas melodias e nas notas,
sem serem rendidos pelo cansaço e pelo sono.
Souberam dignificar a vida
viveram a grande sabedoria.
Fizeram do trabalho rude e honesto pedra de segurança.
Para suster a família
de tocadores fascinantes.