O joelho e os olhos...
E ele estava ali. Um ele qualquer e seu nome não importa. Importa sim o olho. Importam os olhos, porque os dois estavam colados, não nela (pelo menos não toda), mas no joelho – o pequeno e magro joelho moreno. Liso, encaixado nos ossos que o sustentam ligando a máquina do caminhar. Pareceu criar vida e movia-se independente: ia para cá e para lá num jogo de posições com seu igual. E os olhos dele lá, alisando, parecendo fios de marionete. Nem se sabe quem movia quem: se os olhos ao joelho ou o contrário. E esse balé tinha de sonho e realidade um pouco; uma pitada do frenético movimento de borboleta ao redor da planta ou a luz do sol, mas, sobretudo vida, indo e vindo como a maré e a alegria nascendo solta, pura, simples alegria de existir, amar a vida, seu joelho e os olhos dele...
Raquel Domingues Pires – 04/03/1988.