Quando esquecer não é bom...
Cientistas dizem que a memória é seletiva para o bem do indivíduo.
De vez em quando penso num rosto do qual me escapa o nome.
Lembro da gentil e eficiente elegância com que se apresentou, de como dançava bem, da sólida musculatura de encontro a minha aparente delicadeza...
Lembro de quando afirmou - apesar de me conhecer há menos de um dia! - que eu era 'uma boa pessoa', e do momento ensimesmado em que perguntou se eu não tinha medo de confiar. Lembro da ocasional resposta: "Prefiro isso e me decepcionar a nada sentir."
Nesse dia, um anjinho e um diabinho me incitavam à mesma coisa... Recordo que brinquei sobre tal contradição e o rosto sem nome iluminou-se num riso alto, confiante... e o corpo se inclinou, buscando o meu, novamente.
O nome do qual não lembro sumiu na manhã assolada de luz; recordo perfeitamente do carro dobrando a esquina e do quanto eu amava outra pessoa.
Esqueci um nome - e de mim, também.