MEUS PAIS (Foto 2005)

O COLO 

No interior com muito verde e simplicidade vivem próximos de filhos e netos.
O tempo marca em cima e tudo foge ao controle de quem quer sempre mais tempo para fazer ou dizer mais, em fim, a pressa em aproveitar cada minuto depende de nós.  Muito cedo saí de casa em busca dos meus sonhos e deixei pais e irmãos. Momento inesquecível e duro que me cobrou coragem e decisão naquele tempo, mas consegui, mesmo tendo que regar com lágrimas o caminho que fiz.

Meus pais sempre foram muito fortes, para todos os males do corpo havia sempre um mato, raíz, simpatia... Nada de ir muito ao médico, farmácia, talvez essa a razão de viver mais e  conseguir manter uma aparência que não demonstra a idade que possuem.

A mamãe sempre venceu doenças que para a medicina ainda hoje, precisa de sorte ou milagre. Milagre até seria possível, pois a fé dos meus pais não tem tamanho. A mamãe ficou um tempo com enfermidades severas em que abateu-se um pouco, mas não perdeu a força e a coragem de viver. Mas, como eu disse, o tempo marca em cima sem dá trégua...

Um aneurisma de aorta teve que aparecer para agitar os corações de todos os filhos e encher de perguntas silenciosas e medrosas. Que será agora? Cirurgia marcada para 12/11/2012... Medo? Sim, todos. O colo sagrado ameaçado...

Todos são independentes, mas, a extensão e o poder do colo de mãe é algo que não se explica. Tudo muito além daquele contato físico apenas, basta saber que temos, e está lá, tem uma força muito grande. E se a mãe é do tipo cuidadora... Como não sentir uma perda?

A vida segue o seu curso normal, nada que seja eterno, se não o amor que cultivamos enquanto estamos nesse mundo. O dia e hora de viajar para o outro lado, não sabemos, mas sabemos, que vamos viajar. Não somos absolutamente nada diante de situações que nos ameaçam afetivamente, sentimos medo, ficamos inseguros. Parece que não crescemos! É um sentimento assim.  Mas é fato, tudo passa.

Um prosa diferente e um tanto chata nesse domingo, só passando e deixando em palavras um desconforto da alma sobre o que virá... Há no fundo esperança de que possa repetir aquela sorte ou aquele milagre como tantas outras vezes.




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NATIVA
Enviado por NATIVA em 11/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
Código do texto: T3980265
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