Vazio

Olhos abertos e nada

Nem sinal dos tempos

Uma casa, uma estrada deserta

Uma estória vazia.

Olhos abertos e nada

Ninguém, nem alma viva

Ao longe os sinais

Movimentos lentos

Formigas

Carregando a comida

Uma fila infinita

Galhos, arvores, folhas

Abro os olhos e nada

Um moinho.

Uma roda estática

O vento não brota

O pensamento não voa

A poeira

Espinhos na parreira

A fruta seca

Um homem faminto

Sua vida em pranto

Uma rama

O pingo de suor no chão

A calça marrom

A dor de viver

Os olhos abertos e nada

Nem água, nem vida

A esperança chora

Implora em oração

O arame farpado

Os pregos

A aliança

As promessas para cumprir

O lenço

O choro

A dor

A emoção

Os olhos fecham...

Rômulo Cabral
Enviado por Rômulo Cabral em 08/11/2012
Reeditado em 18/07/2018
Código do texto: T3975931
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