DESENFREADA PAIXÃO
DESENFREADA PAIXÃO
OLHO O TEU CORPO MINÚSCULO A SALTITAR,
TEUS OLHOS FINTAM-ME COMO A SOLICITAR
A MINHA AUSÊNCIA DO TEU CONVÍVIO.
INSISTO,
DE REPENTE BICAS MINHA PELE,
MOSTRANDO O EMARANHADO DE GARRANCHOS
QUE TRAZES NO AFIADO BICO.
ÉS BELO MEU LINDO PÁSSARO,
TUAS PENAS COLORIDAS ESVOAÇANTES
FAZE-ME SENTIR O DESEJO DE UM DIA VOAR.
MAS,
VOAR PARA QUE?
SE A LIBERDADE QUE ME DESTE
FEZ-ME FICAR APRISIONADO,
NA GAIOLA DOS TEUS CAPRICHOS
E DESEJOS INSANOS NOBRE MULHER.
VOLTO A CONTEMPLAR-TE PEQUENINO SER,
E RECORDO-ME DOS TEMPOS DE CRIANÇA,
ONDE O AMOR ERA SIMPLIFICADO
NO GOZO DAS MINHAS VONTADES.
TORNO A OLHAR-TE, LIVRE E SOLTO,
JÁ SEM O EMARANHADO
QUE DIFICULTAVA TEU ANDAR,
CAMBALEANTE DE DESEJOS
EM FORMAR O ACONCHEGO DO TEU LAR.
VOLTO A MIM, E MESMO PRESO A TI,
A UM SENTIMENTO QUE ORA CHAMÁVAMOS
COM TODA A ÊNFASE DE AMOR.
MAS,
SE É AMOR, PORQUE DEIXAVA-ME SOFRER
APRISIONADO A ESTE SENTIMENTO
TÃO DISTANTE DO TEU SER?
NÃO,
NÃO É AMOR O QUE DENOMINAMOS
A ESTA PAIXÃO DESENFREADA,
ONDE A LIBERDADE SE AFASTA,
E A INJÚRIA SE ESTABELECE.
VISUALIZO A TI LINDO PÁSSARO,
NA EXPRESSÃO DE TUA INGENUIDADE,
TOMO-O COMO EXEMPLO,
E VOU SALTITANDO SEM OLHAR PARA OS LADOS
EM BUSCA DA FELICIDADE VERDADEIRA.
Maurice Astaire