Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem
horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
DRUMMOND, MEU POETA
Nasce Carlos
Em Itabira – MG
31 de outubro de 1902
Morreu Drummond
17 de agosto de 1987
Filho de Carlos e Julieta
Jornalista
Farmacêutico
Escritor
Poeta, o meu Poeta
De Algumas Poesias
Tiradas do Brejo das Almas
Do Sentimento do Mundo
Tirou José
Da Rosa do Povo
Em Poesia até Agora
Partiu para o Claro Enigma
Cujos Contos de Aprendiz
Escreveu sobre A Mesa
Em Madrid publica “Poemas”
Nos Passeios da Ilha
Toca Viola de Bolso
Em 50 Poemas Escolhidos pelo autor
Traduz Proust
E Fala, amendoeira em Ciclos
Lição de Coisas
Antologia Poética
A Bolsa e a Vida
Em Obra Completa
Os livros vão pelo mundo
Poeta, meu Poeta
Em Cadeira de Balanço
Em seguida Versiprosa
Anda Mundo, vasto mundo
Publica Reunião
Nos Caminhos de João Brandão.
Seleta em Verso e Prosa
Poemas
O Poder Ultrajovem
Poeta, meu Poeta
E muitas outras obras
Aqui são apenas 10%
Do ferro da alma do
Itabirano.
Estrela Radiante
"Imagem do Google"
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que a festa acabou
a luz se apagou
e o povo sumiu...
Linda e merecida homenagem. Abs Chris
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