Anjo ou demônio?
By Sys
O caminho estava ficando cada vez mais estreito, nossas pegadas eram quase uma naquela terra de ninguém.
Ele insistia em me ensinar a viver o que eu só saberia de ouvir, nada do que ele me dizia fazia sentido ali. Era como ensinar a beber água no deserto.
Eu cabisbaixa engolia meu riso diante da figura poética que ele era para mim. Ele pensava que eu o tinha chamado para me ensinar a viver, e ficava alimentando minhas ilusões dia e noite.
Diante de atalhos parou desconsertado e voltou o olhar para mim buscando respostas, depois seguiu o que achava certo e eu o segui sabendo que o caminho estava errado.
A noite estava se aproximando e ele cansado desejou parar, me ofereceu o ultimo cole de água e lamentou não ter o pão.
Finalmente ele disse que era o fim da jornada, nada tinha para me oferecer a não ser as lagrimas que derramava entre uns soluços e ais.
Olhei para o infinito nu e me despi também, até cair a ultima roupa que carregava no corpo, a vergonha. Abracei meu ícone poético e dei a ele de beber a primeira gota do que tenho em abundancia, a água que carrego no corpo, o amor que alimento com desejos.
Conduzi este homem por um caminho perfumado e o levei para um voo nas alturas, acima das brumas saciei sua sede e fome, sem dar a ele chance de me negar o beijo que suguei e o corpo que possui.
Meu sorriso escandaloso o surpreendeu, seu olhar estava perdido entre o corpo nu e a alma que bailava, não sabia quem era eu, se um anjo que o tirou do deserto ou um demônio que o arrastou para um voo de delírios febris.
Deixei este homem faz um bom tempo, perdido em um atalho. Tem homens que nasceram para viver perdidos ensinando o caminho.
É, e tem mulheres que fingem segui-los descalças, escondendo asas para sobreviver ao tédio.
Texto sugerido:
Pronta para voar
Clique