Diário de Sherazade VII (Contação de Histórias)
Querido diário,
Ontem, tive a oportunidade de assistir ao filme “Narradores de Javé”.
Amei!
Fiquei refletindo que, de algum modo, todos somos Biás, aqueles que ouvem as histórias dos outros...
Recordei-me de alguns ‘causos’ que chegaram até mim, sem o compromisso do sigilo:
O da amiga traída que, ao perguntar à colega o motivo da traição, recebeu como resposta, “eu achei que você fosse tão legal e, por isso, não iria se importar se eu a sacaneasse...”
O do meu amigo que foi parado por um policial, o qual revistou o seu carro e se deparou com um cavaquinho. Desconfiado, pediu que meu amigo o tocasse e meu colega teve que fazer um ‘showzinho’ particular para o homem da lei...
O do rapaz que tinha um pintinho de estimação que, quando cresceu, a mãe colocou na panela. Ele comeu o frango, com lágrimas nos olhos, mas comeu...
O da vovó que dizia ter sempre sete tipos de pudins na geladeira, para o deleite da família, além da casa brilhando e da ‘obrigação’ de esposa sempre em dia com o marido...
O do morador de rua que salvou um homem vitimado por um acidente de carro, com o ‘auxílio'’do corpo de bombeiros...
O da mãe de família que não sabia preparar mingau de amido de milho e dizia para os filhos que fazia ‘mingau de bolinhas’...
O da menina faminta que levava para a escola uma caneca grande para a sopa, que destoava das dos amigos, os quais passaram a chamá-la de Maria Canecão...
O caso da mãe que foi levar o filho para ‘tirar sangue’ e o menino deu um ataque em público, pois achou que lhe tirariam todo o sangue e ele morreria...
O do garotinho que fez uma redação, a qual a professora rasgou e atirou em sua cara, dizendo que estava ‘horrível’...
O da mãe que pediu para a filha escolher o cardápio de domingo, se preferia estrogonofe ou carne assada e que, no dia, tiveram que comer ovo, pois o pagamento do pai não saíra...
O da mãe, cujas crianças não queriam comer arroz com feijão, que começou a fazer bolinhos mágicos de arroz, feijão e carne moída para as crianças comerem...
Como é bom recontar histórias que ouvimos dos outros (com sua autorização)!
Ser um ‘recontador’ de histórias!...
Experimente!