O BOM DA VIDA
Por Carlos Sena


 
O bom da vida é descobrir que dinheiro é bom, mas que sem a gente estar feliz ele nada vale. Melhor ainda, da vida, é saber que sem dinheiro muito vive-se com pouco e feliz, desde que haja companhia perto de nós que nos deixe com o sentimento do mundo e da felicidade. O bom da vida é descobrir que, com o tempo o que nos disseram dela, pouco vale, pois a vida não se vale do que nos dizem, mas do que nós construímos acerca dela dentro de nós. O bom da vida é o sentimento que ela nos dá com o passar do tempo acerca de si mesma e do tempo. Sendo boa, a vida nos torna cumplices dela e se faz melhor nos concedendo a ventura de, sempre que um limão nos for ofertado, a gente fazer dele uma gostosa limonada.
A gente sabe que descobriu o BOM DA VIDA quando a gente fica em casa num final de semana sozinho, mas não se sente triste, nem abandonado. A gente se sente, acima de tudo, com a gente e não se perde se conosco não houver companhia. No descobrir do bom da vida, certamente uma pessoa especial se descortina dentro de nós com galhardia. Normalmente essa pessoa não pede pra entrar em nossa vida e entra; não nos pede nada e nos dá tudo sem querer troca; dificilmente nos abandona quando a gente mais precisa e quando a gente erra, dificilmente não tem o perdão a nos conceder, sem culpa nem ressentimentos.
Assim, o bom da vida se distancia do que a mídia nos diz ser bom e nós, diante de tudo que somos e que fomos e que um dia seremos, ditaremos os caminhos do futuro.
Embora sabendo que o futuro é um grande furo nas nossas principais divagações, acreditar que ele é nossa fonte de ilusão boa, sonhadora, nos mantém vivo e acreditando que o bom da vida está em nós. Lá fora o mundo gira, mas dentro de cada um é que o BOM DA VIDA acontece, independente do coração, da cor, da raça, do sexo, do nexo, do ético e do etílico. 

Bom Conselho, 2 de novembro de 2012.