Isquemia...

Oh! Lua divina!

Olhavas com piedade o aluado que adormeceu no teu regaço.

A dúvida pairava no âmago daquela noite silenciosa, onde só a brisa trazia o perfume das flores.

No romper da aurora, o aluado beijou sua amada e balbuciou palavras de amor.

Horas passaram e não mais falou.

A vida mudou... Vive assustado como bicho do mato a garatujar.

Outrora articulista, hoje pesca aqui e acolá sílabas com trejeito desolador.

Nenhuma frase aflora na sua memória.

Pobre homem tenta vários caminhos lembrando um rio sem destino, quiçá possa chegar à foz.

Seu pensamento vagueia, fica desnorteado e lágrimas resvalam em seu rosto alabastrino.

O poente sempre foi seu relógio das dezoito horas, avisando o ritual da sua oração.

Agora se põe a contemplar Jesus Crucificado com um olhar embaçado, desesperado, com um nó na garganta e dor no coração.

Amigos, aqui é fato real que aconteceu há quinze dias aproximadamente, com meu marido. Peço desculpas pelo meu sumiço.

magda crovador
Enviado por magda crovador em 02/11/2012
Reeditado em 27/03/2017
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