Abissal destino

Meu jeito é comum a todos.

Alguns discordam de mim

Eu, não obstante, relego,

Relevando ao mesmo fim

Se quiserem ouvir a música

Para aprender o meu som,

Terão que subir no alto

Gastar sola de sapato

Pra enxergar meu néon

Aqui, na minha floresta.

Eu vivo à sombra da sorte

Não quero a paz da cidade

Nem a maldade do forte

Eu sei afinal de tudo

Das coisas que hão de ser

Antevejo a luz ao túnel

Que um cego pode ver

Não sou profeta nem deus

Apenas sei o final

Dos homens que acordam cedo

Como medo no seu quintal.

Quem me conta os segredos

São as vidas, tudo igual.

Quem corre de mais se cansa

Cansado perde-se o ideal,

Como vim parar aqui?

É fácil, veja o real.

O homem que se adianta

Tirando das pedras o sal

Pode rir dos transeuntes

Que se arrastam sobre um mal.

Ativo sempre cativo

Querendo vencer o dia

Agora me regozijo

Sou dono da alegria

Se por acaso esquecer

Do meu futuro final

Serei lembrado ao passado

Num verso nada abissal.

Brasília 28/02/2007

Evan do Carmo

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 28/02/2007
Reeditado em 01/03/2007
Código do texto: T396220