Traga o vinho

By Sys




A surpresa no seu olhar quando me viu, eu disfarcei não ter percebido. Também tinha que perdoar o meu primeiro olhar, algo estava fora de lugar.

Joguei-me num abraço de boas vindas e procurei não pensar em nada, sentia seu olhar em mim, estava de fato sendo fotografada pelos seus olhos. Só não sei quem fotografou ali, se eu ou a minha alma.

Queria nunca ter quebrado o meu silencio com conversas tão serias, nada, nada poderia mudar em meu caminho por alguém de pés descalço. Senti tanta dor ao saber que minha alma estava enamorada do nada. Sem futuro o presente é a ultima gota do vinho e o passado um azedume de uvas fracas.

Se eu soubesse que a morte esteve todo tempo ao seu lado eu jamais teria bebido do seu beijo, dando tanto de mim num cálice viciado. Meus lábios absorveram germes enquanto eu doei vinho até entorpecer os seus lábios finos com os meus tão carnudos e jovens.

Que terror maldito em pleno meio dia, meu corpo pedindo vida, um olhar de suplica por um pouco de aventura, enquanto você dormia. Dormia meu sonho, minha esperança, dormia suas atitudes.

Já sabia que não tinha vinho para me embriagar e me fez propostas indecentes. Que festa sem graça. Terminei bebendo do meu próprio sangue em agonia e dor. Agora eu digo: cala-te! No meu cálice não bebera nem que suplique como o ultimo prato da vida. Você não merece.
Hoje estou entre as estrelas nuas, vou banquetear e embriagar quem me oferecer o vinho.







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Simplesmente Sys
Enviado por Simplesmente Sys em 31/10/2012
Reeditado em 31/10/2012
Código do texto: T3961022
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