Passa o dia
O dia passa cinza e sem graça,
tal qual casamento de gente feia,
a cerveja parece choca,
tem gosto de mijo quente,
o homem ao meu lado peida,
cheiro de queijo rançoso alça-se ao ar,
a mulher que passa é horrivelmente acabada,
as tetas murchas e caídas,
como meias com bola de sinuca dentro.
No meu peito água pútrida,
como a do Passeio público,
na mente pensamentos podres,
como fruta largada ao sol,
na vida falto muito,
fica um grande vazio,
como prato do almoço,
em casa à beira rio.