Você não me ensinou
Você não entende. Eu choro, reclamo da solidão, mas ela é a minha melhor companhia. Você não sabe, mas eu não sei escrever, e então eu me desespero, porque eu precisava gritar o que tanto me corta o peito, mas eu me calo, minha voz emudece, mas minhas lágrimas não cessam.
Você não me ensinou que a solidão é viciante, que não querer falar com tanta frequência vira costume, que o coração aprende a falar por sinais, mas que ninguém quase os compreende. Você não me ensinou que quem não fala não é ouvido, que quem não anda não chega a lugar algum.
Você não me ensinou a sorrir para tudo e para todos, e por que todos vivem fazendo isto? Era para eu ter aprendido? Era para eu ser como eles? Me diz, me explica.
Você não me disse que não posso viver dentro das minhas estórias, e nem que eu não posso confundi-las com a realidade.
Você disse que os números que eram complexos, e à vida não, e por que eu discordo? Por que me perco nestes caminhos que já estão traçados? Você disse que era só seguir a trilha, mas eu me perdi, perdi o caminho, e não consigo reencontrá-lo.
Você não me ensinou que fazer pedidos para estrelas cadentes, não quer dizer que eles serão realizados.
Você não me ensinou que o meu mundo é falho, e deixou-me trancar-me nele, e eu perdi a chave.
Você não me ensinou que calar requer muito esforço, e que é altamente fatal. Não me ensinou que crescer requer muita coragem, e que a estrada é longa, e não é possível retroceder. Só me disse que crescer era preciso, mas me diz, por quê?