Vinte e Nove
(minha interpretação)


 
Perdi vinte em vinte e nove amizades
(nove amigos permaneceram, estiveram e continuam presentes)
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Por conta de uma pedra em minhas mãos
(minha vaidade, minha indolência, minha insolência, minha soberba...)
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Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
(minha orgulhosa vaidade não foi forte o suficiente para combater minha própria consciência (a tenho de berço), a qual me embriagou me fazendo “morrer” mais de uma vez. Este “morrer” está no sentido de proporcionar o renascimento, e ao renascer: aterrar)
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Estou aprendendo a  viver sem você
(aprender é um dom “divino” e uma obrigação humana, esta afirmação é biblicista e creio nela)
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Já que você não me quer mais
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Passei vinte e nove meses n’um navio
(na verdade deu um tanto mais de meses, parecia uma travessia sem fim. Sem calefação, arrepio só de relembrar. E as tempestades?? E os maremotos?? A água que purifica contaminou-se. Ao final estava roto: pele queimada e ressecada, com a barba e o cabelo de um matusalém, olhei no espelho e não me reconheci)
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E vinte e nove dias na prisão
(dos vinte e nove dias, vinte oito e meio na solitária, como companhia apenas um delgado feixe de luz, não conseguia identificar a cor e nem de onde vinha, mas estava lá, “Alguém” o colocou)
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E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
(a derradeira viagem, a mais escura e fria, reduzido à solidão)
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Decidi começar a viver
(insistir no mesmo de sempre e não chegar a lugar nenhum é uma burriquice, a menos que viesse alguma alegria disso (mesmo que momentânea))
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Quando você deixou de me amar
(não só você deixou de me amar, eu próprio deixei, outros e outras deixaram. Tive que olhar para dentro de mim. Entrei pelo meu umbigo e saí procurando o meu âmago. Para isso subi ao cume de uma montanha, sentei-me nela, respirei fundo e fiquei ali alguns instantes em contemplação (novas pessoas me trazendo novidades). O importante neste passo não foi ficar lá no alto, mas sim a descida à nova vida, e aí então...)
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Aprendi a perdoar
(não que eu não soubesse perdoar, apenas havia esquecido de como fazer e por que perdoar, ou apenas estivesse usando as armas alheias. Mas entes importantes que acreditaram em mim mostraram-me que acreditar em alguém já é perdoar, mesmo que haja erros. E aprendi mais essa com vocês. Sendo assim...)
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E a pedir perdão
(perdoem minhas limitações e minha inação temporária. Não estou sendo o que vocês esperavam, e tenham certeza: não estou sendo nem o que eu mesmo esperava. Sou neste momento o que posso ser, mas sempre aprendo e mudo, mesmo que não pareça. Tudo passa e passará)
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E vinte e nove anjos me saudaram
(um deles de forma muito peculiar, mas todos de forma especial e cuidadosa)
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E tive vinte e nove amigos outra vez.
(alguns reencontros e alguns novos encontros)


 
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Esta música me ajudou muito em um momento turbulento de minha vida
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(Vídeo gravado ao vivo desta música: http://www.youtube.com/watch?v=nhuF1eRDJFY 
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Escreverati De Luca
Enviado por Escreverati De Luca em 22/10/2012
Reeditado em 10/07/2020
Código do texto: T3946991
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