Os mistérios da Lua

Era quase bucólico, todavia, o sol que a pouco se fora, deixara-nos as sós com o que, talvez, verdadeiramente somos, e assim seria até o outro dia, e então de novo. Sabíamos que nosso vigor estava por vir mais uma vez, contudo, agora ainda não o tínhamos, e então só nos restava estar absortos,para que assim, de algum modo, respondêssemos nossas dúvidas, que nada mais fossem que o medo disfarçado, não sabíamos, porém, que tal mimetismo seria nossa proteção. Restava-nos, por enquanto, apenas a floresta, a tribo e o pouco que sabíamos, o que não nos confortava, precisávamos de algo, precisávamos de refúgio às nossas inquietas almas perante a ótica circunscrita pela ausência - mediante a situação, precisávamos de um Poder sintético e moral que desconstruísse nossa condição – e sob o desvario e insignificância, assim como um náufrago em meio à cólera das ondas e um céu noturno e limpo, havia a lua que resplandecia; sim, a lua! Do que mais precisamos? Temos a Lua! Luzia perante os vales, lua nova, lua cheia! A lua estava a nos assistir, e a doar sua claridade aos nossos costumes e a nossa sapiência! Bem ou mal, era o tudo que precisávamos e assim fora... E esta passara a acumular reconditamente formas distintas, concreta e abstrata... e num fascínio tênue e sanguinolento as areias do tempo trouxeram consigo a Lua, todavia, impura, metamórfica – fizeram em nome desta belezas e atrocidades e ramificações; as ramificações são a essência do que é ser humano, assim como as artérias, capilares e veias que carregam e justificam a complexiadade vida. As ramificações perduram, se enroscam, faíscam...e se perdem, e fica, porém a questão: Seria a Lua abstrata também um corpo iluminado assim como a concreta? Iluminado por nossa condição? Teria Luz própria? Me resta sofismo....

Denner Sampaio
Enviado por Denner Sampaio em 22/10/2012
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