" NÃO SEI O QUE FAZER DAS CINZAS "

Era alguém que ao acordar

pede uma xícara de café,

um pouco de sol, um dia sem nuvens

ou uma idéia nova,

além dos acasos cotidianos.

Olha o cinzeiro e não sabe

o que fazer das cinzas

e se lembra dos fantasmas

aos quais já se acostumou.

Sabe que cada manhã deve ser

como um renascimento

para varrer a dor dentro de si,

como um desfolhar-se.

Aí, veste um rosto indecifrável.

Amor: se o gélido do sangue

põe tremor nos dentes,

não o informe sobre o sol,

nem o leve para muito longe,

se todos esperam pela morte.

Jamil Hamas