PINTAS BRANCAS... NEGRAS PISTAS...
Lá estavam elas: reluzentes, salpicadas, indizíveis...
As brancas pintas na pele rosada de sol. Veio o susto...
O rubor d'alma pranteava o vir-a-ser. A pele dizia-me do tempo que corria veloz.
Envelhecer... Palavra estranha essa. Sempre me pareceu coisas de outros, não minha. Mas os anos passaram, passam, e subitamente eis que surgem, rumores dela. Vem mansa, sorrateira, determinada... Afasto-me, rejeito-a. E apesar dos medos percebo-a em meu corpo, que já não responde prontamente aos comandos do querer. A voz enrouquecendo e outras vozes brotando de dentro com outras intenções, outras prioridades, outras vontades...
Fito, com olhos investigadores, a pele, as pintas e sua brancura agressiva. Toco-a. Percebo sua fragilidade. Ergo a cabeça, olho em volta, tantos rostos e mesma indagação:
-Por que tem que ser assim?
-Por que envelhecemos?
-Onde fica a fonte da juventude?
Dentro ou fora de nós?
Desato os nós...
Corro dali e mergulho na poesia para fazer-me moça outra vez...