Verdades Ousadas
Sim, eu minto!
Minto se for preciso, pra me proteger dos perigos.
Pra resguardar a paz nos relacionamentos, evitando conflitos.
Pra neutralizar a vilania das pessoas, que buscam um ponto fraco para atacar justo quando se está despercebido.
Minto silenciando o que não concordo, ou quando sou obrigado a ser omisso.
Minto se não tenho outra opção para medir até onde pode-se chegar mentindo.
Minto não por satisfação, mas em determinada situação em que falar a verdade é cometer suicído.
Minto para que a criança não se aterrorize com o mundo real ainda desconhecido.
Minto por saber que para muitos, a verdade jamais será aceita em meio a mentira com a qual continuam seguindo.
Minto quando desvio do assunto que fatalmente resultará em discórdia e atrito.
E ninguém está livre disso.
Em determinadas circunstâncias da vida, somos praticamente compelidos a praticar o que muitos classificam como um desvio nocivo.
Porém, mesmo esses que assim o dizem, muitas vezes podem ser vistos trilhando pelo mesmo caminho.
Mentir não é tarefa fácil. É um dilema mortalmente convalescido.
Mas que remédio tomar, se não há outra forma mais eficiente de sobreviver num mundo onde ser transparente é estar condenado ao revés dos excluídos?
Todo mundo quer ser aceito. E sem meio termo, terá que mentir, nem que seja em um dado momento, pra garantir a própria sobrevivência no sistema opressivo.
Já que por vezes, a mentira torna-se a nossa única arma de defesa entre aqueles que nos golpeiam com frieza, ignorando o fato de já termos sofrido.
Entre mentir ou falar a verdade, pouco ou quase nada se sabe, quando o que está em jogo é a nossa única chance de continuar vivo.
Pois quem diz que nunca mente, consequentemente já está mentindo!