Contrastes

Pensar sempre

Buscar a mente, refletir sem o sol

Quase não parece acontecer o belo

Mas surge do nada, de nada

Como sempre a vida

Tão bela e inerente às vidas nela postas

Com fatos, com momentos, com meros acasos

Um belo

Um monte, um caminho, as flores na primavera

As luzes, os faróis ao terminar a tarde

As Deusas, os monstros, as noticias tão cruéis

As lavouras em chamas

Os peixes sem norte

A casa bem longe

As claras nuvens num céu escuro

A força transparente em volta de todos

Um ruído, um bater na porta, um suor nas mãos.

Um corte

Os olhos distantes dos fatos

A tarde

Um silêncio e breve momento

Os pássaros se despedindo em canto suave

A face

A faca sem corte

O centro, o sul, o nordeste

A seca

O gado

Os galhos

A cerca

O verde tão seco

A roupa

Os pés

A fome

A noite, a tampa, o fogo tão quente

O choro

O nó na garganta doente...

Rômulo Cabral
Enviado por Rômulo Cabral em 17/10/2012
Reeditado em 18/07/2018
Código do texto: T3937906
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