Eu queria falar de coisas de fora de mim...
Tudo é tão aqui dentro no fundo, encalacrado,
Tudo é tão entranhado,
E assim tão estranho,
Que não sei de onde vem.
Tudo feito desses arrebóis que não consigo descrever,
Tudo feito assim de um silêncio que se apodera de tudo,
Um silêncio que não consigo rasgar, quebrar, romper,
Tudo feito dessa impressão tão súbita de não pertencimento,
Tudo parecido assim com uma grande falta de merecimento.
Tudo cercado dessa tristeza, dessa solidão, desse deserto,
Tudo feito de uma tão malfadada angústia que dói,
Tudo tirado dessa mal falada incerteza que a tudo corrói,
Tudo possuído assim dessa falta mal acabada de leveza,
Dessa escassez tão grande de só um pouco de delicadeza,
Desse indelicado desdém para com tudo quanto for beleza,
De tudo quanto é beleza que todas as coisas nem sempre tem,
Tudo tomado dessa presteza em destruir o que os olhos já viram,
Que os olhares possuíram e consumiram...
Eu queria falar de coisas que não fossem de mim,
De coisas além de mim, maiores e melhores do que eu
Do que eu possa supor, imaginar, querer, sonhar, ter,
De coisas que nem foram ainda inventadas, sequer pensadas,
Numa poesia assim desentranhada e nada estranha,
Nascidas dessas palavras que tenho as mais escancaradas,
Desengolidas de um antanho vazio sem tamanho...
Tudo é tão aqui dentro no fundo, encalacrado,
Tudo é tão entranhado,
E assim tão estranho,
Que não sei de onde vem.
Tudo feito desses arrebóis que não consigo descrever,
Tudo feito assim de um silêncio que se apodera de tudo,
Um silêncio que não consigo rasgar, quebrar, romper,
Tudo feito dessa impressão tão súbita de não pertencimento,
Tudo parecido assim com uma grande falta de merecimento.
Tudo cercado dessa tristeza, dessa solidão, desse deserto,
Tudo feito de uma tão malfadada angústia que dói,
Tudo tirado dessa mal falada incerteza que a tudo corrói,
Tudo possuído assim dessa falta mal acabada de leveza,
Dessa escassez tão grande de só um pouco de delicadeza,
Desse indelicado desdém para com tudo quanto for beleza,
De tudo quanto é beleza que todas as coisas nem sempre tem,
Tudo tomado dessa presteza em destruir o que os olhos já viram,
Que os olhares possuíram e consumiram...
Eu queria falar de coisas que não fossem de mim,
De coisas além de mim, maiores e melhores do que eu
Do que eu possa supor, imaginar, querer, sonhar, ter,
De coisas que nem foram ainda inventadas, sequer pensadas,
Numa poesia assim desentranhada e nada estranha,
Nascidas dessas palavras que tenho as mais escancaradas,
Desengolidas de um antanho vazio sem tamanho...