SEU ZÉ DA MONTANHA
La no pé da serra
encravada bem no pé da montanha
esta o homem que vive da terra
plantando e colhendo com uma vontade tamanha.
Não somente para o seu sustento
levando também para a cidade
carreando o colhido na sua carroça
arrastada com o seu jumento
cantando a sua felicidade.
A tardinha sentada em um pé de pau
com seu canivete destrincha a palha e o fumo
é a alegria que lhe é permitida como se fosse o seu sarau
de manha o canto do galo o põe a prumo.
Joga o pito no canto da boca
a fumacinha vai levando a sua saudade
pigarreia disfarçando uma paixão louca
daquela que foi embora deixando muita maldade.
Tem como companheira a solidão
quatro alqueire de uma roxa terra
é a sua vida e grande paixão
só para a labuta quando a tarde encerra.
Sua casinha de pau a pique
foi a que conseguiu ser erguida
tem-a como uma mansão
foi lavrada com o suor de sua mãos
foi la no pé da montanha que foi construída.
Tem a cachorrinha Lulu
que faz com que a vida lhe torne mais amena
a tarde senta em seu colo embaixo do pé de caju
lembrando sempre daquela que lhe deu magoa.
Preta morena,que nem se chegou a casar
viveu com ela por alguns tempos
nem deu tempo de amar
fugiu de madrugada
com o seu pião Antonio bento.
Este homem como outros tantos
vive das alegrias e de suas tristezas
na esperança que algum dia apareça em seu canto
aquela que será a sua metade
fará parte da sua nobreza.
Sempre haverá um Eremita
terá um homem casto também
mas o amor a dois fazem parte das escritas
que Deus algum dia abençoara com o seu amém.