Ósculos intensos,
abraços frementes,
chuva lambendo o telhado.
Cupido e Poeta
no parapeito do céu abraçados.
assistem o
encontro se consumando,
na madrugada finalmente roubada.
Quarto lacrado,
ele de Evita refém,
emparedado.
Ela de Perón branca escrava.
Corpos desnudos,
nadando em busca do ocaso.
Saltam faíscas de desejos acesas,
lampejos de ansiedade,
tal qual labaredas.
Ele,
entregue aos apelos dela,
ele descansa,
antes de partir para outros braços.
É chegada a hora,
dela guardar o sorriso no bolso e suspirar de saudades.
Não há como fugir da realidade,
depois que a chuva desiste de ser o álibi.
Cupido e Poeta choram a falta.