O cravo e a rosa
O cravo brigou com a rosa.
O CRAVO brigou com a ROSA?
Não, não brigou.
O cravo AMOU a rosa.
Debaixo da sacada, ao lado da escada, por cima da estrada.
Mas a rosa não ligava.
Ela tinha uma fila de pretendentes, vários deles amantes.
O alecrim corajoso.
O jasmim generoso.
O íris veloso.
Até o narciso vaidoso.
E também gerânios, girassóis, lírios, jacintos...
Todos desejavam se perfumar com a rosa, admirar a sua beleza, sentir a sua suavidade.
E o cravo?
O cravo ficava sòzinho.
Em vão tentaram lhe apresentar a camélia virtuosa.
A margarida inocente.
A violeta leal.
A magnólia simpática.
A tulipa apaixonada.
A orquídea pura.
Mas ele, pobre coitado, só na rosa pensava.
Colhia as pétalas que dela caíam a passear com seus amantes.
Para ele era bastante.
E assim passaram os dias e as noites.
O cravo enfraqueceu, a rosa murchou.
O cravo continuou indo atrás da rosa, recolhendo suas pétalas.
Até que um dia a rosa não apareceu.
O cravo cruzou vales, trepou montanhas.
Nenhum sinal da rosa.
Perdido, vazio, voltou o cravo à sua sacada.
Lá estava a rosa, aguardando o cravo.
Seu único, verdadeiro amor.