foto/Lilianreinhardt      
                             (Memoriais de Sofia Zocha)

                      Até que o trem parasse na próxima estação a gente ficava de substanciada ansiedade. Maria fumaçeava noite adentro esparramando fagulhas de vagalumes fugidios debulhando a escuridão. Vá compreender que coragem era aquela de se entregar assim...O apito anunciava que o carilhão dos trilhos iria zunir mais forte ainda, quando   proximamente  ela  pisasse sobre as  linhas  dos  pontilhões construídos sobre  abismos trabalho  da  hábil engenharia  moderna de planejamentos ferroviários. Disso ela nada entendia, que as linhas se dobrassem sobre os abismos, via de longe suas curvas perigosas...e as bocas dos túneis onde só se ouviam os guisos da grande áspide irrompendo e mordendo a escuridão...  Doce mesmo  era aquele embalo dentro, mesmo no vagão-leito, Zocha  sentada sobre a cama beliche, a cabeça encostada na parede...ou de janela aberta, no escrutínio fugidio do escape da vigilância de Frau mãe, a escuridão entrando olhos adentro,  com seus deslumbres, o mistério das imagens se decompondo e a escritura das fagulhas...