Malas Prontas

Adormeci em pensamentos tão profundos

que vão além ...

Percorrem um caminho original,

transcendental,

que pode beirar o absurdo.

Cultivados e escravizados até então,

seguimos antiquados,

a caminhar em direção a todo esse breu de imbecilização.

O sentimento inferior é seu, é meu,

propaga-se das senzalas,

até os modernos bangalôs.

Mudaram apenas as sinhás e os sinhôs,

mas as pessoas da sala de jantar,

não entenderam os mutantes, e,

de lá pra cá ensurdeceram mais e mais,

brindando-nos com o cálice de Gil e Chico,

a transbordar de seu vinho tinto, nos dias atuais.

Acordei com esses dois cenários,

O cálice, cale-se.

O vinho.

A indiferença retrógrada ao novo,

num sala de jantar qualquer...

Tentei adormecer, mas cansado de sonhar,

pus-me a escrever.

Comecei a perceber,

que venha o tempo que vier,

Só temos a nós mesmos e um punhado de ilusão qualquer.

Se alimentada tal ilusão move e transforma.

Se escravizada,

perde forma,

cria as raízes da senzala,

no coração do falso homem livre.

Impelido a construir, empreender,

mas a nunca evoluir e transcender

pois não é real, a sua escala .

É de pedra o seu castelo,

e o dinheiro é sua fala.

Quando ele acorda eu adormeço.

Não meço a vida pelo preço,

não me movo com a horda.

Sou o que sou,

o que mereço e o que pereço.

Estou onde estou,

recomeçando por dentro,

reinventando proventos pra alma.

Exercitando a paz e a calma.

Arrumando as malas para um novo começo.