MINHOCA.

Era só mais um barco negreiro, com seus escravos empilhados e amassados

Indo para suas senzalas, suas cozinhas cruzando o mar, pequeno mar

Passos rápidos, vozes abafadas, alguns dormem em pé e outros, raros, dormem sentados,

em suas trouxas levam comida, ou um pouquinho da vida que deixaram, um pouquinho.

o barco chacoalha, balança, normal, o tempo moldou cada um com esse trajeto,

eles nasceram para isso ou só acreditam,

e por mais caídos, sujos, cansados, eles continuam, continuam.

Uns são tão tristes que só fazem rir, outros, nem se lembram, mas sempre tem um, um que nunca viu o mar,

um que é feliz por navegar e poder olhar.

mas por favor, não segure as portas isso pode atrasar.

otavius
Enviado por otavius em 10/10/2012
Reeditado em 25/07/2014
Código do texto: T3926309
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