MINHOCA.
Era só mais um barco negreiro, com seus escravos empilhados e amassados
Indo para suas senzalas, suas cozinhas cruzando o mar, pequeno mar
Passos rápidos, vozes abafadas, alguns dormem em pé e outros, raros, dormem sentados,
em suas trouxas levam comida, ou um pouquinho da vida que deixaram, um pouquinho.
o barco chacoalha, balança, normal, o tempo moldou cada um com esse trajeto,
eles nasceram para isso ou só acreditam,
e por mais caídos, sujos, cansados, eles continuam, continuam.
Uns são tão tristes que só fazem rir, outros, nem se lembram, mas sempre tem um, um que nunca viu o mar,
um que é feliz por navegar e poder olhar.
mas por favor, não segure as portas isso pode atrasar.