Na hora do almoço sempre chove dentro de nós
Um corpo irresoluto
Pelo novo caminho que aprendeu.
“É pela sombra, é melhor!”
Um colega já havia indicado.
No mesmo aglomerado,
Naquela marcha tão comum,
“Writing To Reach You”.
Mas eu não tinha papel e caneta,
A emergência das palavras teve que esperar,
Até aqui, até agora, ainda borradas na memória.
Os olhos carregados de apatia
Tentavam transpor as lentes embaçadas.
As garotas mais bonitas
Do curso mais povoado de garotas,
De futilidades e talvez de medo...
...de não ser quem queriam que elas fossem.
“She’s so strange”.
Os garotos mais “tecno-intelectualizados”
Espalhados por todo lado,
Tentando chegar a lugar nenhum,
Talvez tentando alcançar a si mesmos,
Correndo em uma outra velocidade
Que não fosse a que eu pudesse entender.
“Re-Offender”.
E o meu poço de delicados insultos
Aprofundava-se a cada garfada forçada,
A cada esforço para engolir o que já não podia,
O que não conseguia suportar naquele meio insalubre.
“Why Does It Always Rain On Me”.
Em todos nós chovia um pouco,
Era inevitável, era necessário que chovesse
No canto mais esquecido, ao lado da janela,
Onde o olhar perdido achava outros olhares perdidos,
Os mesmos olhos cansados, distantes,
Das mentes auto-exiladas.
Nos dávamos as mãos de forma invariável,
Invisível e incrivelmente magnética.
Cada um com seu pedaço de solidão
Acalentava o próximo nas suas ligações enzimáticas
E cada um sustentava suas forças para alimentar-se de si.
Na hora do almoço sempre chove dentro de nós,
Não importava com qual música ou em que olhos.
Aos auto-exilados do R.U. da UECE...