Perdoai o amanhã.

Esse intento vem há dias. Num desassossego tão grande que o melhor foi mesmo me sentar aqui no canto e gritar para quem não ouve que preciso de um rumo.

A situação é triste, quase me esqueci de perdoar.

Perdoar a maldade que há, sob máscaras que não caem mais. A pintura da maquiagem já incorporou a pele e o suor já não mais é capaz de derreter essas cores.

Quase. Quase esqueci de perdoar. De trazer à tona aquilo que não aprendi em casa, mas com a vida. Que o perdão não acalenta, nem apaga, só sossega.

Esse texto vem gritando há bastante tempo em mim, e segurá-lo foi como um aborto.

Hoje ele nasce. Com as mesmas feições, sem feridas.

Quase. Quase me esqueci que nada disso é real, e que, no final, eu serei.

Não haverá, nem serão. Muito menos seremos.

Alfim, nenhum aprendizado se fez suficiente e nenhum esforço foi o bastante. Esquecer de perdoar também não resulta em nada. Preciso sair do canto.

Perdoar, para um amanhã. Porque Deus não perdoa. Se há vida, que se cumpra, pois quando o soneto acabar, vão com ele a vida e o tratado do perdão.

Ísis Almeida Esth
Enviado por Ísis Almeida Esth em 07/10/2012
Código do texto: T3920832
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