Manhã de fogo em águas

Andando de um lado ao outro, ansiava-te como peixes em aquário anseiam o mar.

Olhando aos lados contava os segundos para ver-lhe e tocar com toda a saudade que preenchia o meu peito.

E foi quando apareceste segurando firme em minhas mãos e laçando o meu destino.

Me olhavas e eu tentava esconder-me com um pudor que nunca imaginaria ter.

As malícias ocultavam-se e as puerícias se manifestavam como pétalas em busca do sol.

Em uma manhã de verão aonde os pássaros cantavam e pessoas caminhavam, eu só via e ouvia você.

Os sussurros ao ouvido soavam como notas para o meu peito sedento por melodias.

Sentia-me um instrumento em suas mãos, simplesmente por sentir harmonias entre as veias que os levava ao meu coração.

Olhavas-me como se estive decifrando-me..

Me encolhia como uma criança perdida escondendo-me de tais olhares, mas, sabia que estaria protegido ao seu lado e mesmo

sabendo que fisicamente era maior que você, meu coração estava exposto, pois ele se exibia como as estrelas ao céu.

Sua pele lívida contrastava com a minha, dando-me impressão que éramos fogo e água.

Em chamas eu queimava de paixão, em calma me apagavas como chuva, no entanto deverias

me deixar queimar, puderas me abrandar, não apagar-me por completo..

Deverias manter-me em chamas, mas, escolhes-te apagar-me!

Agora me acendo aos poucos em busca da paz, no entanto, queimo quem não deveria.

Eu não quero machucá-los, apenas preciso do controle que me davas ao regar-me.

Rega-me, impeça que eu queime por completo o alicerce do meu peito;

Rega-me, para que eu não vire cinzas sem que ao menos seja carregado por suas correntezas;

Rega-me, para que mesmo sem chamas eu ainda possa lhe amar.

Sávio Soares
Enviado por Sávio Soares em 07/10/2012
Reeditado em 07/10/2012
Código do texto: T3920746
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