Manhã de fogo em águas
Andando de um lado ao outro, ansiava-te como peixes em aquário anseiam o mar.
Olhando aos lados contava os segundos para ver-lhe e tocar com toda a saudade que preenchia o meu peito.
E foi quando apareceste segurando firme em minhas mãos e laçando o meu destino.
Me olhavas e eu tentava esconder-me com um pudor que nunca imaginaria ter.
As malícias ocultavam-se e as puerícias se manifestavam como pétalas em busca do sol.
Em uma manhã de verão aonde os pássaros cantavam e pessoas caminhavam, eu só via e ouvia você.
Os sussurros ao ouvido soavam como notas para o meu peito sedento por melodias.
Sentia-me um instrumento em suas mãos, simplesmente por sentir harmonias entre as veias que os levava ao meu coração.
Olhavas-me como se estive decifrando-me..
Me encolhia como uma criança perdida escondendo-me de tais olhares, mas, sabia que estaria protegido ao seu lado e mesmo
sabendo que fisicamente era maior que você, meu coração estava exposto, pois ele se exibia como as estrelas ao céu.
Sua pele lívida contrastava com a minha, dando-me impressão que éramos fogo e água.
Em chamas eu queimava de paixão, em calma me apagavas como chuva, no entanto deverias
me deixar queimar, puderas me abrandar, não apagar-me por completo..
Deverias manter-me em chamas, mas, escolhes-te apagar-me!
Agora me acendo aos poucos em busca da paz, no entanto, queimo quem não deveria.
Eu não quero machucá-los, apenas preciso do controle que me davas ao regar-me.
Rega-me, impeça que eu queime por completo o alicerce do meu peito;
Rega-me, para que eu não vire cinzas sem que ao menos seja carregado por suas correntezas;
Rega-me, para que mesmo sem chamas eu ainda possa lhe amar.