Madrugada de Inverno

Não é somente o sono tombando sobre os olhos;

Há lá fora um fantasma sobrevoando toda a orla,

Com enorme esforço olhava a sua veste esfumaçada...

Encobrindo a prai, a as areias, os céus, as árvores, tudo em volta;

Um frio arrastado em correntes do sul agitava os ossos de pouca carne;

Tremer e bater de queixos, mãos arroxeadas, lábios pálidos, pele de mármore. Congelada...

Um chá bem quente, uma lã sobre os ombros, cobertores e frio muito frio...

Nada capaz de disfarçar a ausência doída do verão...

Do corpo aquecido a beira mar...

Do sol atrevido em raios, em ciclos, em labaredas incandescentes a arder, a luzi,r a se divertir na cor bronzeada...

Nada capaz de afastar os pensamentos, os desejos, os anseios, os medos de não realizá-los a contento, a tempo de ver, de viver, de sentir o fogo ressurgir nas estações...

Pois agora o fantasma ronda lá fora...

A brancura é neblina, é repleta de dúvidas, de cismas...

Falta amor... Sobra cobertor...

A cobrir os sentidos.

A despistar os instintos recolhidos ao inverno obscuro em fuga de si mesmo...

Aqui dentro,

O sono tomba sobre os olhos... E a mente entoa velhos cânticos, mantras, hinos e caminhos míticos por onde deve prosseguir o sonho... Nesta madrugada invernal onde hiberna o plausível e caminha o questionável... A morte chega aos poucos.

CRISTIANA MOURA

Cristiana Moura
Enviado por Cristiana Moura em 06/10/2012
Código do texto: T3919454
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