MENINO DE RUA
MENINO DE RUA
CORRES DE UM CANTO A OUTRO DA RUA,
DESFRUTANDO DA LIBERDADE QUE TE IMPUSERAM.
VIVES LIVREMENTE,
REGADO A SOFRIMENTOS INFINDOS,
A DORES INCALCULÁVEIS
QUE NÃO PODES EVITAR.
ÉS DOCE,
MEIGA CRIANÇA,
A MENDIGAR UM PEDAÇO DE PÃO.
SOFRES,
AO OLHAR DE CADA TRANSEUNTE.
PASSAM TODOS E TE REPUGNAM
COMO SE FOSSES UM OBJETO
ESTRANHO A COMUNIDADE.
SOMOS IRMÃOS,
CONFORME A LEI DIVINA,
MAS,
TODOS TE CHAMAM PELO PSEUDONOMIO
DE TROMBADINHA.
OLHO PARA TI,
VEJO A INGENUIDADE
DOS TEUS DEZ ANOS,
A CONTRIBUIR COM A BELEZURA
QUE É SER CRIANÇA.
AH! BELO INFANTE,
SE PUDESSES EXPRIMIR COM PALAVRAS
TODA A INDIGNAÇÃO COM A CONVIVÊNCIA
QUE TE IMPUSERAM.
O QUE SERIA DE NÓS
SE PUDÉSSEMOS VIVENCIAR
UM DIA AO TEU LADO ?
TALVEZ NÃO SEGURARÍAMOS AS LÁGRIMAS
QUE CERTAMENTE DESCERIA EM NOSSA FACE.
TALVEZ NÃO APRENDERÍAMOS
OS MAIS INCRÍVEIS GOLPES
QUE CONSEGUES DAR.
TALVEZ NÃO TERÍAMOS
A AGILIDADE DE RACIOCÍNIO
QUE O DESTACA DOS OUTROS.
SIM,
MENINO HOMEM,
TALVEZ NÃO TERÍAMOS O CORAÇÃO GELADO
DA MAIORIA DE NOSSA SOCIEDADE.
SEGUE CRIANÇA,
LUTA PELO TEU ESPAÇO.
OCUPA O REDUTO NECESSÁRIO
PARA TEU ENGRANDECIMENTO PESSOAL,
PARA QUE NUM FUTURO PRÓXIMO,
POSSAMOS HOMENAGEÁ-LO
NOS PALCOS DESTA VIDA.
Maurice Astaire