02.10.2012

Sou o trovão.

Nesses dias de chuva de outubro. Sou efêmero e cruel, como o choque de duas nuvens, sou o vazio, o sem forma, o momento incompreensível aos olhos dos animais, sou o entre. Sou o medo na natureza, o pai dos deuses.

Me diluo contra a chuva e vou nadando por ela, fustigando com o vento. Sou efêmero, dou-me para as águas e parto, desmaterializado, na paz das gotas de chuva. Parto e quebro. E vou como nasço - na ira dos céus, na contemplação aterrorizada.

Um momento. E, então, nunca mais.

Sou o trovão.

David Ceccon
Enviado por David Ceccon em 04/10/2012
Reeditado em 24/12/2012
Código do texto: T3914977
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