02.10.2012
Sou o trovão.
Nesses dias de chuva de outubro. Sou efêmero e cruel, como o choque de duas nuvens, sou o vazio, o sem forma, o momento incompreensível aos olhos dos animais, sou o entre. Sou o medo na natureza, o pai dos deuses.
Me diluo contra a chuva e vou nadando por ela, fustigando com o vento. Sou efêmero, dou-me para as águas e parto, desmaterializado, na paz das gotas de chuva. Parto e quebro. E vou como nasço - na ira dos céus, na contemplação aterrorizada.
Um momento. E, então, nunca mais.
Sou o trovão.