AS PERGADAS DA VIDA.
Por Carlos Sena.
Por Carlos Sena.
Ontem eu deixei coisas no caminho. Outras coisas eu ganhei. Perdi no que deixei, mas ganhei no que adquiri e que certamente um dia perderei. Ontem deixei amores e por eles fui deixado. Perdi-me, também ontem, nas ruas escuras da vida; hoje, me encontrei através das luzes do coração. Do que perdi não lembro. Do que ganhei não conto, mas canto todo dia a cantiga de ninar que meu ego embala como se criança fosse.
Ontem perdi o viço do rosto, mas não perdi nele o vício do sorriso que a vida nos dá pela experiência como recompensa de felicidade. Ontem, perdi amigos que a morte não mais os quis por aqui. Perdi irmão e familiares que se foram para o outro lado da eternidade. Hoje, ganhei sabedoria pela certeza de que na vida tudo passa. Ganhei a consciência de que aos moços toda sabedoria será dada; e a certeza de que coração não envelhece. Hoje, perdi coisas que não as quero de volta como a ilusão de vida eterna. Só o saber o é. Ontem ganhei sementes que colho agora em grãos de sabedoria e que me fazem perdoar sem traumas; hoje descobri que quando a gente perdoa quem fica maior somos nós. Descobri, não obstante, que o amor é tudo, mas nem tudo por ele se justifica - nele há mistica que o céu e a terra se recusam decifrar.
Do que deixei no caminho não quero volta. Mas queria voltar aos sonhos que não consegui sonhar. O mundo de hoje nos mete medo, talvez por falta de sonhos. Há um excesso de realidades que a gente fica na duvida acerca da veracidade delas. Por isto eu queria que o povo voltasse a sonhar; queria que as praças reinventassem coretos; que as serenatas invadissem as ruas e os becos e que houvesse mais ruas e mais becos para serem invadidos pelas canções apaixonadas de amor.
Amanhã a vida será ontem como ontem já se foi para o limbo do tempo. Hoje, gostaria que os passados todos morressem, porque a gente vive bem melhor quando tem certeza que está vivendo no presente. Mas, o passado nunca passa dentro de nós. Palavras passam; o vento passa; as águas dos moinhos passam; as pancadas dadas – esses nunca voltam.
Hoje, pensando na vida, achei que ela se parecia com a morte. Diante da morte dos entes queridos, pensei que ela imitasse a vida – afinal, na vida a gente só morre um pouco a cada dia! Na morte a gente morre de vez! Por isto perder ou ganhar tanto faz como fez. A diferença entre um ou outro, está no ato de que as consciências conduzem os homens às suas mais intimas certezas, ou não. Assim, felicito o tempo em sua indiferença filosófica. Felicito o amor em seus mistérios. O amor faz unir ou separar pessoas sem que para isto precise de lógica ou filosofia, ou física quântica, ou cartomante, ou pai de santo, ou sacerdote...
Preciso ir. As coisas que eu deixei ontem me esperam. Mas eu volto. Voltarei para os amores nunca findos. Percorrerei caminhos insólitos em busca do tempo que eu deixei passar por ignorância de vida. Mas, eu sei que não adianta correr atrás do tempo. Por isto preciso ficar. Ficar comigo sendo vários em cada estação. Até que um dia o trem da estação "VIDA" nos conduza para a vigem inevitável do universo perolizado em aura de sabedoria.
Ontem perdi o viço do rosto, mas não perdi nele o vício do sorriso que a vida nos dá pela experiência como recompensa de felicidade. Ontem, perdi amigos que a morte não mais os quis por aqui. Perdi irmão e familiares que se foram para o outro lado da eternidade. Hoje, ganhei sabedoria pela certeza de que na vida tudo passa. Ganhei a consciência de que aos moços toda sabedoria será dada; e a certeza de que coração não envelhece. Hoje, perdi coisas que não as quero de volta como a ilusão de vida eterna. Só o saber o é. Ontem ganhei sementes que colho agora em grãos de sabedoria e que me fazem perdoar sem traumas; hoje descobri que quando a gente perdoa quem fica maior somos nós. Descobri, não obstante, que o amor é tudo, mas nem tudo por ele se justifica - nele há mistica que o céu e a terra se recusam decifrar.
Do que deixei no caminho não quero volta. Mas queria voltar aos sonhos que não consegui sonhar. O mundo de hoje nos mete medo, talvez por falta de sonhos. Há um excesso de realidades que a gente fica na duvida acerca da veracidade delas. Por isto eu queria que o povo voltasse a sonhar; queria que as praças reinventassem coretos; que as serenatas invadissem as ruas e os becos e que houvesse mais ruas e mais becos para serem invadidos pelas canções apaixonadas de amor.
Amanhã a vida será ontem como ontem já se foi para o limbo do tempo. Hoje, gostaria que os passados todos morressem, porque a gente vive bem melhor quando tem certeza que está vivendo no presente. Mas, o passado nunca passa dentro de nós. Palavras passam; o vento passa; as águas dos moinhos passam; as pancadas dadas – esses nunca voltam.
Hoje, pensando na vida, achei que ela se parecia com a morte. Diante da morte dos entes queridos, pensei que ela imitasse a vida – afinal, na vida a gente só morre um pouco a cada dia! Na morte a gente morre de vez! Por isto perder ou ganhar tanto faz como fez. A diferença entre um ou outro, está no ato de que as consciências conduzem os homens às suas mais intimas certezas, ou não. Assim, felicito o tempo em sua indiferença filosófica. Felicito o amor em seus mistérios. O amor faz unir ou separar pessoas sem que para isto precise de lógica ou filosofia, ou física quântica, ou cartomante, ou pai de santo, ou sacerdote...
Preciso ir. As coisas que eu deixei ontem me esperam. Mas eu volto. Voltarei para os amores nunca findos. Percorrerei caminhos insólitos em busca do tempo que eu deixei passar por ignorância de vida. Mas, eu sei que não adianta correr atrás do tempo. Por isto preciso ficar. Ficar comigo sendo vários em cada estação. Até que um dia o trem da estação "VIDA" nos conduza para a vigem inevitável do universo perolizado em aura de sabedoria.