Pra fugir da solidão.

Todo dia é sempre igual,

acorda se arruma e compra o jornal,

seguindo o mesmo rumo banal.

Ônibus,

calor,

almoço na Ouvidor,

pausa pro cigarro aliviar a tensão.

Trabalho, trabalho,

bate cartão.

Hora de ir.

Antes, um chopp no Alemão,

pra reclamar do dia,

obter um pouco de alegria e

encontrar o bom humor

que não acha em casa.

Esconde-se de si mesmo na rua.

Falta-lhe um grande amor,

ou médio tanto faz.

Falta.

Então com alguns trocados a menos retorna,

já sem trânsito.

Na orla os casais serenos parecem se divertir

e ele que tentara comprar diversão, volta com a alma empobrecida.

Mesmo que gastasse um milhão,

ainda teria na cara esculpida a calma solidão.

Deseja um revés,

porém, romântico da cabeça aos pés,

sonha, mas não consegue amar em vão.