SONHOS
Será que ao ler este título te veio à mente a mesma informação que me levou a abordar o tema?
No verbete "sonho" são tantas, não é? Vejamo-las: desejo veemente; aspiração; ideia dominante perseguida com paixão; fantasia; visão; quimera; produto da imaginação; coisa ou pessoa muito bonita; devaneio; imagem; ilusão. E ainda tem aquela massa fofinha (sonho proibidão) com recheio, em fritura e mais canela com açúcar. Que tentação!!!
Tu já tentaste te ater à percepção da diversidade contida nas centésimas possíveis derivações sobre estas cinco letrinhas? Eu quase cansei. É claro que é exercício somente permitido a pessoas sonhadoras --- normalmente confundidas com loucas (os loucos sonham mais?) --- as quais, a cada informação das habituais acima citadas, devaneiam e conseguem desdobrá-la e até centuplicá-la com a fertilidade da imaginação.
Mas, loucos ou sãos, temos que admitir que sonhos realmente podem gerar assunto para horas e até dias de controvérsia sobre alguns famosos sãos e/ou loucos que os perseguiram.
Quero deixar bem claro que hoje, aqui, só abordarei os sonhos bons. Os maus são tristes e não merecem ser divulgados. E nem comentarei os assim também chamados fenômenos psíquicos, porque requereria conhecimentos que não tenho.
Mas, em sonhos bons sou perita, o que creio já estar se tornando claro a quem me lê.
Também é fato que, no campo emocional algumas vezes, para mim, os sonhos não passam de realmente sonhos... mas, se considerarmos a beleza toda da fantasia que se nos apossa até esta quase sempre evidente conclusão, veremos o grande lucro obtido, pois pequenos porém vibrantes eventos podem proporcionar grandes alegrias. E citei "evidente conclusão" porque, se o alvo da "aspiração" fosse tão evidentemente atingível, o caminho deixaria de ser sonho, seria meta.
Será injusto se não agradecer aos meus Protetores o permitir a realização de centenas de sonhos, inclusive este de poder me expressar. E mais tantos outros, em todos os campos: familiar, profissional, emocional e material.
E, como em quase tudo há exceções, apresento uma, isto é, a que gerou também angústia até a "evidente conclusão" de que nada passou de sonho:
"Um sonho alado que nasceu um instante,
Erguido ao alto em horas de demência...
Gotas de água que tombam em cadência
Na minh'alma tristíssima, distante...
Onde está ele, o Desejado? O Infante?
O que há de vir e amar-me em doida ardência?
O das horas de mágoa e penitência?
O Príncipe Encantado? O Eleito? O Amante?
E neste sonho eu já nem sei quem sou...
O brando marulhar de um longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou...
Um fogo-fátuo rútilo, talvez...
E eu ando a procurar-te e já te vejo!
E tu já me encontraste e não me vês!..."
SONHO VAGO é o título do soneto acima (que eu sinto encharcado de poesia) e sua autora é a portuguesa FLORBELA ESPANCA. Foi publicado no Brasil em 1983, pela DIFEL-Difusão Editorial S.A., em livro intitulado SONETOS - Edição Completa, com um estudo crítico de JOSÉ RÉGIO.