Confesso
Confesso que longe
na madrugada fria
Ainda...
Pronuncio o teu nome
Como se sonhasse a confissão
onde a espera o doce descanso,
abrigo do forte temporal.
Mas...
Porque não chove hoje sem perdão,
e não se faz a noite diluviana,
com esse manancial de emoção,
imanente e tão pungente,
na urgência imperiosa de te pressentir?
Divisar entre as gotas, um perfil
que vai passando, mão que se mexe
num aceno de graciosidade e encanto,
como quem atravessa o mundo
e volta sempre , por um segundo
para saudar um gesto breve
e desaparecer depois na bruma...
Não, não sou estrela, nem farol
nem tenho o brilho da Lua
Mas espero, sentada no futuro
e sei que virás por um instante,
cometa errante, sorriso indefinido
onde mesclas, puro, o amor teu.
Virás...
mas de ti só terei
esparsas palavras sopradas
semeadas com alento...
E então depois silêncio.
Diana Enriquez
Maksim Mrvica - Still Water