O dia em que conheci um anjo

 
Conheci o anjo, conheci o trabalho dele, conheci a religião dele, conheci a família. Planejei minha vida em função da vida desse anjo.

Errei muito. Mas errei não por negligência ou por desamor. Errei tentando acertar, tentando agradar e dar o melhor de mim. Sou humano, tenho defeitos. E por isso não consegui agradar totalmente.

Brigas, discussões, são reações consideradas normais quando duas pessoas estão se conhecendo, se ajustando. Depois do ajuste, em novembro, evitei ao máximo discutir e brigar. A cada ameaça de novas discussões, me continha e me controlava ao máximo, para que a contenda não evoluísse.

A delicada planta do amor tem que ser regada todo dia. E é preciso QUERER regá-la. Se a gente se descuida um dia sequer, ela murcha... Confesso que me descuidei dessa tarefa algumas vezes, geralmente por estar muito atribulado, mas tenho consciência de que sempre tentei dar o máximo de mim, apesar de não poder controlar tudo o que acontece ao meu redor.

É preciso que as duas partes estejam atentas à missão de regar a plantinha, impedindo que o tempo se encarregue de murchá-la. A plantinha nunca morre, enquanto houver algum sentimento; pode ficar tenra, pequenina, pálida, mas permanece viva, esperando por água e adubo, esperando por carinho. Qualquer dose de atenção e carinho que ela receba faz com que ela volte a crescer feliz.


Um relacionamento tem seus ALTOS e BAIXOS sempre. E são normais aqueles momentos de querer terminar tudo, momentos de querer estar longe. Sim, porque há períodos em que o ser humano precisa de hiatos de solidão, para dialogar consigo mesmo e se situar. Mas o fato é que é impossível ser feliz SOZINHO – como diz a canção de Tom Jobim -, e, assim, logo compreendemos que estar perto de quem se ama e perto daqueles que nos amam nos traz conforto espiritual.

Eu nunca quis um ANJO DE CARNE. Amo esse anjo do jeito que ele é, de carne, osso e alma, com defeitos e qualidades. Meu objetivo principal não é um PARCEIRO SEXUAL, e sim um ser humano com sentimentos ternos e sinceros, o que raramente se encontra nas pessoas hoje em dia.

Interferências externas sempre acontecem. Não dá para evitá-las, já que fazem parte dos movimentos da vida. Ora atrapalham, ora ajudam muito, como foi aquela conversa LOUCA de Raimunda, em São Paulo, que nunca teve meu apoio. Jamais imaginei que meu anjo tivesse qualquer INTERESSE em ficar comigo por dinheiro ou coisa do gênero.

Sempre soube de seu carinho e de seu sentimento puro e verdadeiro. Ou melhor, sempre os senti. Só não me expressei devidamente naquele momento porque as recordações de minha falecida mãe, que sempre viajava comigo para São Paulo a cada final de ano, me deixavam muito triste e vulnerável. E ainda tinha o Natal, o Ano Novo, tudo contribuía para aumentar a minha tristeza. A época era infeliz. Ainda mais que em janeiro (dia 25) seria a data de aniversário dela, cuja ausência em minha vida já contava 7 anos.


Hoje vejo que foi um erro não conseguir separar minha tristeza e colocá-la em um cantinho à parte. Errei em não participar da festa de Natal com alegria, junto de meus irmãos e com meu anjo. Mas seria este um erro tão grande a ponto de eu ter sido crucificado e abandonado?  Merecia eu tamanha punição?

Meu anjo pode, se assim o desejar, de livre e espontânea vontade, voltar a regar a plantinha que teima em existir dentro do coração dele. Pode deixar essa plantinha crescer e voltar a ser a planta exuberante e bela que sempre foi. Da minha plantinha, quer dizer, da parte dela que me cabe regar, eu estou cuidando...

Não sei se por ingenuidade ou não, nunca passou pela minha cabeça que esse elo pudesse se romper de maneira tão brusca e tão inconsistente. Crédulo que sou, ainda espero que haja uma oportunidade de reviver esse amor bonito, sincero e verdadeiro.
 
Salvador, 14 de fevereiro de 2007
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 01/10/2012
Reeditado em 06/10/2012
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