A PEDRA INSENSATA E O CAVALO DOIDO

Ao longo da caminhada dos meus 66 anos – Poesia – sempre te fazes presente com a costumeira doçura e estímulo. Imagino que vem daí a tua permanente CONFRATERNIDADE, que é o lustro humano de quem faz poemas e vê o mundo sempre ‘retocável’. E é assim como eu o sinto, material e sentimentalmente: prazeroso e perigoso, extremado. Sinto-me útil – não pelo texto produzido – porém pelo polimento da imensa pedra que sou, ao rolar ladeira abaixo, em desgoverno. O poema é dócil, maleável, e o conseguimos dobrar a um sincero e justo desígnio, e, abstraindo a realidade, o fazemos pejado de beleza, com acerto em plenitude em alguns casos... O mundo não é tão factível e nem tão fácil, e de somenos, apavora pela falta de humanidade frente ao inusitado, frente à novidade, doendo de insensatez. É necessário saber montar esse cavalo doido para dar espetáculo ao público desejoso, no pátio das experimentações...

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3906737