ONDE ESTÁS?
ONDE ESTÁS? –Na manhã de 27 de setembro de 2012
Estás onde preciso crer que estejas? Preciso crer que estejas onde ponho toda a minha fé de que realmente estejas nos lugares onde tu realmente precisas, neste presente tempo, efetivamente estar. Que não tenham sido em vão todas as minhas preces, minhas preces para que estejas nestes lugares precisos; sou eu que o digo, eu, que nunca sei onde estou, mas que permaneço o tempo todo aqui: tu sabes, sempre, onde me encontrar. Tu o sabes, sempre. Fazer o quê, e nem me adianta querer fugir, também porque não me permitirias fugir. Tu o podes, fugir,(e o fizeste sempre) assim como és livre para esquecer; tu és livre, eu jamais o serei, cada imagem nova me trás de volta, exaustivas, a lembrança e a presença de todas as Odisseias às quais não sobrevivi , as Odisseias que – as nossas - conheces muito bem, que as sabes no teu sangue, no teu Ser. Eu, Penélope-Ulisses, nunca mais pude voltar para nenhuma Ítaca. Nunca mais pude voltar. Não há Ítaca para onde voltar. Só existo eu, náufrago sempre à deriva de mim.
Escrita na manhã de 27 de setembro de 2012.