Sábado de carnaval

Agora sábado de carnaval, a taça de vinho ao lado o fumo encostado à janela aberta divulgando a noite traiçoeira e eu na beira da cadeira escrevendo versos, versos de amor para ela minha donzela o relógio marca as horas tardias que escrevo e eu olho a janela, eu estou a pensar nela, meus olhos estão cansados quase fechados, e eles vão ler os escritos, com pouco tempo paro no meio dos textos e olho a noite dou-lhe aquele sorriso cínico forçado à ocasião do desespero da solidão, vejo no céu denso a escuridão que vejo na minha mente isolada no canto da parede sentada numa cadeira em frente à janela aberta que mostra a escuridão, nessas horas vejo como se fosse um cálice derramado, as lagrimas que escorrem no meu rosto, lagrima aparentemente sem razão, os olhos castigados já vermelhos os versos incompletos cheios de razão, levanto-me com esforço as pernas doloridas de tanto ficar sentado, vou ao meu quarto dirijo-me até minha escrivaninha e pego um papel para escrever e voltou rapidamente e sento-me na cadeira que agora ta bem mais perto da janela, agora a lua apareceu e a escuridão se quebrou, o sono jaz me domina por completo a inspiração de meu amor se esgotou por hoje, meu ânimo, na verdade nunca tive isso, tudo parecem ter acabado se extinguido com a felicidade, aquela com qual me adverte cada período de minha vida, com minha amada, a única coisa que me queimava no arcabouço e na reflexão era a vontade de registrar nem que sejam apenas letras sem sentido que minha cabeça perturbada queira escrever, escrevo, apenas escrevo minhas dores, volto à escrivaninha, pego mais um papel, pois uma não deve dar, e começo o desabafo na folha de meu caderno que mais me parece um diário de terror, expulso todo meu ódio, todos os sentimentos, confesso-me a mim mesmo do que estou passando, e depois arranco-lhe e leio, tento entender o que se passa no meu ser, no meu pensamento curvo, escrevo minha cabeça em folhas de caderno, nessa hora em que a noite em seu fastígio da escuridão e a lua no brilho eterno que mas pareciam seus olhos quando enchiam os de lamentar, meus olhos inchados, vermelhos, jaz se fechavam, deito nas folhas perto da taça vazia e ao lado do fumo já acabado, assim mais uma noite exorcizo meus demônios em versos e idolatro minha donzela nos textos diários, na alvorada do primeiro dia da semana, no dia santo, a ressaca do sangue, não me deixas sóbrio mas os versos de dores aliviaram minha cabeça renovada por mais um dia, levanto-me agora com menos dificuldade, vou a sala rasteiramente e olho na fresta da vidraça em cima da porta da sala a luz solar que invade meu lar e toca meu rosto, fazendo-me acordar por completo da noite ainda, junto as folhas no chão que futuramente serão passadas a limpo ao caderno e volto a cadeira a qual presenciou minha insanidade perante a noite, sento-me nela e volto a escrever meus versos de amor a inspiração do meu amor se recuperou ao longo do desmaio da noite e agora usai-vos nas minhas escritas o sol levantará eu me recuperará, e minha amada sonhada, escrevo para apenas provar-lhe o que sinto nesse domingo sem graça, depois de horas escrevendo a fome bate naquele ser, comi e bebi depois resolvi ver céu que a agora nem parecia o céu de antes, claro, um azul bem claro as nuvens brancas como algodão que vagavam pele esse infinito os pássaros que passavam de vez em quando, eu ali o céu sempre me chamará a atenção por ser tão perfeito, ouço o barulho ínfimo do quarto as pessoas acordando da noite de carnaval.