Os ventos furiosos arrasaram as construções,
Venceram os alicerces do que foi plantado no chão,
Arrastaram sonhos e ilusões para o oco do nada
E eu fiquei aqui, de pé...
Não gosto de dias claros, manhãs mornas e noites serenas,
Não quero nada que eu mesmo não tenha conquistado,
Nada que me caia sempre assim de graça lá do céu.
Só é meu o que eu arranco da terra com minhas mãos
Aquilo por que espero e luto, aquilo que eu quero,

Teu amor, teu amor, teu amor...

Nunca foi brisa, mar calmo ou algo assim tão ameno,
Nem pequeno, essa verdadeira batalha aqui dentro.
No fundo do fundo de mim mesmo essa ânsia, esse fogo,
A incontrolável vontade e a mais decidida coragem,
Uns golpes do destino que me derrubaram na viagem.
Mas me levanto e estou aqui de pé para tentar outra vez
Para de vez viver tudo aquilo que eu tanto preciso,

Teu amor, teu amor, teu amor...

Foram tempestades que puseram tudo abaixo
E não deixaram nenhum rasto de possível recomeço,
Mar em fúria, céus rasgados por raios e abalados por trovões,
Um desespero a consumir até a idéia de vida, impiedosamente,
Essa angústia e a dor dela, essa força sem ter de onde a tirar,
Esse cansaço, essa idéia de morte mesmo depois da morte
A sombra da morte que tudo envolve em seu torpe silêncio
E devastação, deixando atrás de si imensos desertos
E a solidão de quem parece preso em seu próprio inferno
E o medo infinito do fim de tudo ser mesmo o fim de tudo,
Quando sigo vivendo somente por tudo aquilo que ainda vivo,

Teu amor, teu amor, teu amor...

E a tempestade que sempre me faz renascer.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 26/09/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3902191
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