Paciência que Mata

De tanto esperar, surge o tempo

Com calafrios, calor, febre e tonturas

Um tempo

Dentro do previsto

Fragmentado, sujeito à intempéries

Rasgado, sujo, um molambo

Descalço

Pés cortados, machucados, feridos, em calos doidos

Arame farpado

Espinhos na alma

Um sangue

A carne viva

De tanto esperar surge a dor

Em saltos, em quedas, em tempestade, em ventos tão fortes

Aquele tempo

Nunca previsto

Sem nome

Predicado, sujeito ao relento

Quase lá, perdido ainda

O apoio em nada, um vazio em tudo

Só a espera, espera cansada, espera que corrói

espera que dilui as coisas boas

Quase, quase lá...

Rômulo Cabral
Enviado por Rômulo Cabral em 25/09/2012
Reeditado em 18/07/2018
Código do texto: T3900629
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