Paciência que Mata
De tanto esperar, surge o tempo
Com calafrios, calor, febre e tonturas
Um tempo
Dentro do previsto
Fragmentado, sujeito à intempéries
Rasgado, sujo, um molambo
Descalço
Pés cortados, machucados, feridos, em calos doidos
Arame farpado
Espinhos na alma
Um sangue
A carne viva
De tanto esperar surge a dor
Em saltos, em quedas, em tempestade, em ventos tão fortes
Aquele tempo
Nunca previsto
Sem nome
Predicado, sujeito ao relento
Quase lá, perdido ainda
O apoio em nada, um vazio em tudo
Só a espera, espera cansada, espera que corrói
espera que dilui as coisas boas
Quase, quase lá...