Os melhores segundos de minha vida

No exato momento da noite onde tudo se confunde. Copos, bocas, risadas, rostos, mãos - e principalmente dedos; o toque é inesperado. O beijo, além de esperado, desejado. A água que desse queimando e a coca, que gelada, alivia. Anuncia. - Será preságio? Será que aliviarei meus lábios? Será que mancharei o batom? Dois se vão e ficam dois. Bexiga cheia: banheiro, bebedor e mesa de cimento redonda. Olhos conversam. Sento ao seu lado? Melhor não! Frases dançam dos lábios, e olhos fixam os lábios: desejo. Olho ao lado, amiga. Não quero constranger. Chegam-se os dois. Agora já era. "Vamos", alguém fala. No caminho: carinho. Braços entrelaçados, ombro a ombro, mão em volta da cintura: contato e calor. Ônibus à vista. Despedidas, abraços, entretanto um é mais demorado. Boca ao pé do ouvido tenta diplomaticamente resolver um empasse sobre boca e batom. Tema centra da pauta: A boca pode carinhosamente manchar o batom? O ouvido apresenta resistência. Vira-se de um lado, vira-se ao outro. Sorrisos. Boca ser muito persistente; continua na peleja. No fim cansado, vai em busca do prêmio dos derrotados em questões diplomáticas entre boca e ouvido: o pescoço. Aí assume, além da boca, o nariz, perito em discussões sobre pescoço. Perfume e beijo. Beijo e perfume. Corpos juntos, calor. Tempo para. Tempo volta. "Tenho que ir". E se vai. E fica a lembrança, e o desejo. De se conseguir resolver o empasse entre boca e ouvido. E pensar que tudo isso ocorreu no período de segundos. E diga-se, os melhores segundos de minha vida.