Mal de escritor

Se eu seguisse meus próprios conselhos, eu me diria:

- Fica calma. Respira fundo. Anda devagar, não é necessário pressa. Deixa o coração disparar, deixa chorar, deixa chover, deixa molhar. O choro limpa a alma. Só não desista. Não deixa a vida vencer, não deixa dizerem que você não é capaz, porque você é.

Procura tua alma, eu sei que você perdeu ela por aí; em uma das curvas, em um dos obstáculos que te derrubou. E tenha certeza de que muitos outros te derrubarão e te farão perdê-la de novo. E de novo.

Mas por favor, não desista. Continua, não quero te ver dizer adeus. O adeus dói, e de dor a vida já está cheia.

Só sorria, por mais que sua vontade seja de gritar até não ter mais ar. Mas grita também, porque ninguém consegue ser forte o tempo todo. É tudo questão de equilíbrio, sabe? E de perceber que a única pessoa que vale a pena é você. Se ama, se cuida.

E não desista, por favor.

Mas é uma pena que o barulho do mundo seja tão alto, que eu não consigo mais me ouvir. E é uma pena que me canse a tal ponto, que conviver comigo mesma se tornou um inferno. E por isso me desdobro, me transformo em outras mil pessoas e me exponho através de palavras. É por isso que digo que tenho o mal de escritor.

Carol Santucci
Enviado por Carol Santucci em 23/09/2012
Reeditado em 13/10/2013
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