= Esperança em vão =

Naquela manhã o sol brilhava como nunca!

Os pássaros cantavam anunciando a primavera.

O velho sonhador levantou-se cedo, olhou para o sol que no horizonte despontava, suspirou ao lembrar-se de seu amor que se fez distante.

Tudo estava perfeito.

O seu coração batia em sintonia com o cósmico.

Ele fora previamente informado, que naquela mesma noite, a sua musa viria visitá-lo.

Sua alma em festa conjecturava com todas as artimanhas, possíveis e imaginárias.

Queria impressionar a sua amada.

Foi um dia de arrumação...

Cortou o seu cabelo, fez a barba, separou a sua melhor mortalha, comprou cuecas e meias novas, arrumou o seu quarto, como um passarinho carinhosamente prepara o seu ninho.

Pediu que afinassem as cordas do violão, queria cantar uma canção de amor, que ele compôs para ela.

Tudo era encantamento!

Há tempos que o velho não vivia tal felicidade.

Chegou à tarde, o peito estava abarrotado de amor a ser vivido.

Sentou-se em sua poltrona, fez pouse, mudou os objetos dos lugares, decorou verso, ensaiou varias frases para encantar a sua enamorada.

A noite chegou...

A lua e as estrelas, curiosamente vieram para testemunhar aquele encontro lindo e singular.

Tudo estava pronto, o velho se vestiu com sobriedade, usou sua loção mais agradável, penteou os cabelos grisalhos, sutilmente na testa desalinhados.

Procurou as melhores palavras, simulou o seu melhor abraço, imaginou o seu beijo ardente da chegada.

O tempo foi passando, o coração batia rápido como pingos de chuva. Sentia o pulsar em sua garganta que provocava novos suspiros.

A noite foi-se findando, o velho sonhador sentado, quase sem reação, olhava o telefone, o computador

Não queria acreditar, era tudo silêncio!

Ele só ouvia o barulho confuso que invadia a sua cabeça.

Os sonhos se esvaíram ao acaso.

Até mesmo a lua e as estrelas se apagaram.

Triste noite, de uma vã espera, sem versos, sem beijos molhados, sem amor.

Na sacada de sua casa, ele vê novamente o sol que voltava a brilhar. Nada mudou no mundo...

Suas lágrimas foram enxugadas pelo enorme lenço do descaso.

Sentou-se em sua escrivaninha, pegou a caneta e o bloco, escreveu lindos versos.

O amor não foi embora, continuava agasalhadinho na alma do poeta.

O amor unilateral é como gelatina, gostosa, mas não nos alimenta por toda a vida.

Antônio (Tonho)

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 23/09/2012
Reeditado em 23/09/2012
Código do texto: T3896923
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