Látego
Sobre as ignóbeis marcas do meu flagelo
vez por outra, passas as tuas mãos infames a me acariciar,
e as tuas caricias doem tanto como doem
os açoites das palavras de tua boca sinuosa
a repulsar quem tanto te ama.
Serve-me tanto um afago teu repleto de hipocrisia
como serviria um chute em meus órgãos genitais.
Com a tua sensibilidade de hipopótamo pisas
sobre o meu coração, como quem anda em fétida lama.
Assim parece-me a tua satisfação, o teu regozijo
ao ver-me em tão triste abismo, em tão escuro cárcere,
onde o sol nunca brilha e nem por descuido às vezes bate
Evan do Carmo 09/10/206