Látego

Sobre as ignóbeis marcas do meu flagelo

vez por outra, passas as tuas mãos infames a me acariciar,

e as tuas caricias doem tanto como doem

os açoites das palavras de tua boca sinuosa

a repulsar quem tanto te ama.

Serve-me tanto um afago teu repleto de hipocrisia

como serviria um chute em meus órgãos genitais.

Com a tua sensibilidade de hipopótamo pisas

sobre o meu coração, como quem anda em fétida lama.

Assim parece-me a tua satisfação, o teu regozijo

ao ver-me em tão triste abismo, em tão escuro cárcere,

onde o sol nunca brilha e nem por descuido às vezes bate

Evan do Carmo 09/10/206

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 22/02/2007
Código do texto: T389267