O HOMEM E O RIO
Nossa vida é como as águas de um rio.
Assim como elas, nascemos em um ponto preciso, sobrevivemos por um tempo, depois desaguamos em um local que desconhecemos.
As águas passam pelo leito do rio, a descer sempre no mesmo sentido em busca do mar. Como elas, nós passamos pelo tempo, sempre para frente, em direção de nossa foz.
As águas se tornam rio pelo movimentar-se constante, descendo sempre, em linha reta ou volteando, não podem parar. Se parassem seriam lagos, limitados por todos os lados, ou simples poças, que logo apodreceriam, sem vida. Assim também nossa vida se caracteriza pelo movimento, temporal e espacial; escolhemos nossos caminhos no espaço, que também podem ser retos ou tortuosos, mas não podemos parar no tempo, muito menos voltar para trás; no tempo só podemos ir para a frente.
Ao descer o rio, a água vai adquirindo partículas existentes no leito, resíduos de terra, material orgânico, limos das pedras, etc. Também nós, descendo o rio da vida, vamos adquirindo e assimilando “partículas”, que são nossas experiências pessoais, nossos contatos com outras pessoas, estudos, conquistas, decepções, tristezas ou alegrias, perdas e vitórias.
Em sua inevitável descida, as águas se deparam com obstáculos: pedras pequenas e grandes, troncos e galhos de árvores, gravetos, folhas mortas. Alguns ela transpõe fluentemente, passando por cima, ou contornando, seguindo adiante na mesma direção. Mas outros, os maiores, obriga-as a grandes desvios, faz com que mudem de direção para continuarem o trajeto.
Como elas, nós também encontramos obstáculos em nosso caminho. Alguns deles nós atravessamos facilmente, ou contornamos, damos um jeitinho. Outros, porém, são intransponíveis. Lutamos, tentamos de todas as maneiras, mas depois constatamos que está além de nossas forças. Então simplesmente relaxamos, deixando que a vida mude nossa direção, levando-nos a outros pontos do percurso original.
Há trechos do rio em que as águas descem tranquilas e silenciosas, mas em outros há corredeiras, percursos íngremes e turbulentos, cachoeiras que despencam estrondosamente. Nossa vida também, ora apresenta períodos de quietude e doce monotonia; mas, repentinamente aparecem grandes comoções, que revolvem por inteiro nosso ser, causam estrondos e estertores.
Todo rio apresenta trechos mais largos e profundos – período de chuvas nas nascentes – onde as águas abundantes espalham-se sonolentas e satisfeitas e transbordam irrigando as margens. Mas, no período de seca das fontes, as águas evaporam rápido, o rio se encolhe todo, transforma-se num riacho, uma crisálida fluvial a renascer na próxima chuva. E as margens se ressentem da secura, e os animais fenecem de sede e fome. Também nossa vida é entremeada de períodos de abundância e outros de carência, tanto material quanto afetiva. Às vezes, quando tudo corre a nosso favor, sentimo-nos expandir, a felicidade faz que espalhemos benefícios ao nosso redor. Porém, quando vêm as adversidades, parece que todo o nosso ser se encolhe, fica ali parado, como uma semente esperando para germinar. E neste estado podemos fazer muito mal, mesmo inconscientemente, a quem esteja por perto.
As águas da nascente de um rio não são as mesmas que chegam à foz: umas vão evaporando, transformam-se em nuvens, que são levadas pelo vento, para depois precipitar-se novamente, talvez bem longe de onde estavam; outras são desviadas para afluentes ou projetos de irrigação, outras chegam ao rio por riachos ou pelas chuvas. Na vida também é assim. Pessoas vêm e vão, mudam-se, morrem, são transferidas, casam-se, muito frequentemente se apartam das origens, enquanto outras vão e voltam, num incessante ir e vir.
Contudo, apesar de tantas semelhanças, há uma grande diferença: as águas não decidem sobre seu destino, elas simplesmente seguem um fluxo predeterminado, segundo as leis da Natureza, que sempre existiu e sempre existirá, enquanto houver água e rios. E elas não precisam de nós. Elas sempre existiram, desde muito antes de nossa chegada à Terra.
Mas nós não; nós precisamos das águas.
Além disso, nós temos o livre arbítrio, somos responsáveis por nossos atos, somos conscientes de nossas responsabilidades. Agimos e interagimos com outros seres, modificamos a face da Terra, podemos escolher nossos caminhos e modificar nosso destino, que não é totalmente predestinado, exceto o inevitável desaguar na foz.
Nossa vida é como as águas de um rio.
Assim como elas, nascemos em um ponto preciso, sobrevivemos por um tempo, depois desaguamos em um local que desconhecemos.
As águas passam pelo leito do rio, a descer sempre no mesmo sentido em busca do mar. Como elas, nós passamos pelo tempo, sempre para frente, em direção de nossa foz.
As águas se tornam rio pelo movimentar-se constante, descendo sempre, em linha reta ou volteando, não podem parar. Se parassem seriam lagos, limitados por todos os lados, ou simples poças, que logo apodreceriam, sem vida. Assim também nossa vida se caracteriza pelo movimento, temporal e espacial; escolhemos nossos caminhos no espaço, que também podem ser retos ou tortuosos, mas não podemos parar no tempo, muito menos voltar para trás; no tempo só podemos ir para a frente.
Ao descer o rio, a água vai adquirindo partículas existentes no leito, resíduos de terra, material orgânico, limos das pedras, etc. Também nós, descendo o rio da vida, vamos adquirindo e assimilando “partículas”, que são nossas experiências pessoais, nossos contatos com outras pessoas, estudos, conquistas, decepções, tristezas ou alegrias, perdas e vitórias.
Em sua inevitável descida, as águas se deparam com obstáculos: pedras pequenas e grandes, troncos e galhos de árvores, gravetos, folhas mortas. Alguns ela transpõe fluentemente, passando por cima, ou contornando, seguindo adiante na mesma direção. Mas outros, os maiores, obriga-as a grandes desvios, faz com que mudem de direção para continuarem o trajeto.
Como elas, nós também encontramos obstáculos em nosso caminho. Alguns deles nós atravessamos facilmente, ou contornamos, damos um jeitinho. Outros, porém, são intransponíveis. Lutamos, tentamos de todas as maneiras, mas depois constatamos que está além de nossas forças. Então simplesmente relaxamos, deixando que a vida mude nossa direção, levando-nos a outros pontos do percurso original.
Há trechos do rio em que as águas descem tranquilas e silenciosas, mas em outros há corredeiras, percursos íngremes e turbulentos, cachoeiras que despencam estrondosamente. Nossa vida também, ora apresenta períodos de quietude e doce monotonia; mas, repentinamente aparecem grandes comoções, que revolvem por inteiro nosso ser, causam estrondos e estertores.
Todo rio apresenta trechos mais largos e profundos – período de chuvas nas nascentes – onde as águas abundantes espalham-se sonolentas e satisfeitas e transbordam irrigando as margens. Mas, no período de seca das fontes, as águas evaporam rápido, o rio se encolhe todo, transforma-se num riacho, uma crisálida fluvial a renascer na próxima chuva. E as margens se ressentem da secura, e os animais fenecem de sede e fome. Também nossa vida é entremeada de períodos de abundância e outros de carência, tanto material quanto afetiva. Às vezes, quando tudo corre a nosso favor, sentimo-nos expandir, a felicidade faz que espalhemos benefícios ao nosso redor. Porém, quando vêm as adversidades, parece que todo o nosso ser se encolhe, fica ali parado, como uma semente esperando para germinar. E neste estado podemos fazer muito mal, mesmo inconscientemente, a quem esteja por perto.
As águas da nascente de um rio não são as mesmas que chegam à foz: umas vão evaporando, transformam-se em nuvens, que são levadas pelo vento, para depois precipitar-se novamente, talvez bem longe de onde estavam; outras são desviadas para afluentes ou projetos de irrigação, outras chegam ao rio por riachos ou pelas chuvas. Na vida também é assim. Pessoas vêm e vão, mudam-se, morrem, são transferidas, casam-se, muito frequentemente se apartam das origens, enquanto outras vão e voltam, num incessante ir e vir.
Contudo, apesar de tantas semelhanças, há uma grande diferença: as águas não decidem sobre seu destino, elas simplesmente seguem um fluxo predeterminado, segundo as leis da Natureza, que sempre existiu e sempre existirá, enquanto houver água e rios. E elas não precisam de nós. Elas sempre existiram, desde muito antes de nossa chegada à Terra.
Mas nós não; nós precisamos das águas.
Além disso, nós temos o livre arbítrio, somos responsáveis por nossos atos, somos conscientes de nossas responsabilidades. Agimos e interagimos com outros seres, modificamos a face da Terra, podemos escolher nossos caminhos e modificar nosso destino, que não é totalmente predestinado, exceto o inevitável desaguar na foz.