Silencio o silêncio
Silencio minh'alma. Silencio meu coração, que tanto já gritou. Silencio meu peito, que clama por socorro. Silencio minhas lágrimas, que por inúmeras vezes escorreram sob minha face. Silencio o meu sorriso, já não há motivos para eles florescerem em meu rosto.
Silencio minha voz, já não há o que ser dito. Silencio os meus gritos, já não há quem queira escutá-los. Silencio meu olhar, já não existe quem queira decifrá-lo. Silencio as minhas fugas, já não quero que corram atrás de mim. Silencio as minhas partidas, todos os dias parte e mim parte, e ninguém nota.
Silencio o meu toque, minhas mãos perderam a sensibilidade. Silencio minhas rimas, já não há motivos para escrevê-las. Silencio meu violão, as canções não me acalmam, só me afligem. Silencio minhas dores, não sou digna de compaixão. Silencio as feridas da minha alma, elas permaneceram expostas tempo demais.
Silencio os meus medos, eles se tornaram efêmeros, perante a minha dor. Silencio as trilhas do esquecimento que estou a a caminhar. Silencio as lembranças, que voltam rasgando meu peito, como se meu coração fosse de papel.
Silencio o meu silêncio, que tem um grito ensurdecedor, e está me escondendo de mim. Silencio a mim, que já não sei falar, não sei gritar. Não sei sorrir, não sei chorar. Silencio a mim, que deixei as emoções invadirem o íntimo do meu ser. Silencio a mim, que já não sei quem sou, e me perco nesse turbilhão de pensamentos que me invadem. Silencio a mim que chorei ao escrever isto, e nem sei o porquê de haver escrito.
Só me resta uma certeza: "Minha alma aflita, em pranto pede socorro."